Honda CG 150 Titan "Mix"tura de álcool e gasolina

Quem acompanhou desde o ano passado (2008) a AME Amazonas anunciar a fabricação da que seria a primeira moto bicombustível, não esperava a Honda dar um passo à frente e ser a primeira - agora, sim!, sem alarde algum - a fabricar em série a popular e "carro-chefe" da marca: a CG 150 Titan, mas agora Mix, movido a álcool, gasolina ou álcool e gasolina.

A impressão é que a Honda "correu" duas vezes com o projeto da nova CG, primeiro com o lançamento da CG 150 Titan alimentado por injeção eletrônica e, segundo, com a novidade da CG Mix combustíveis. Digo, "correu", porque em três meses após o lançamento da primeira (com injeção) é anunciada a segunda (com bicombustível). Por que não lançou de uma vez a bicombustível? Quem já comprou só com injeção eletrônica sabe o que quero dizer.

No entanto, a Honda iniciou o desenvolvimento do motor da CG bicombustível já em 2006 e deu apenas uma adiantada nos lançamentos para marcar o pioneirismo. Coisas do mercado, enfim!

Evidentemente que, com o lançamento de uma moto flex fuel, a Honda inova e contribui também, de forma sensível, com a diminuição de poluentes emitidos no meio ambiente, por exemplo o monóxido de carbono com redução de até 10,7% em relação a gasolina (ver tabela abaixo).

Limite de emissões permitida pelo Promot 3 (g/km)Índice de emissões da CG 150 Titan Mix (g/km)Diferença entre as emissões da CG 150 Titan Mix e o limite estabelecido pelo Promot(%)
Quando utilizada a gasolinaQuando utilizado o álcoolQuando utilizada a gasolinaQuando utilizado o álcool
Monóxido de Carbono (CO)2,0000,6580,444-67,1%-77,8%
Hidrocarbonetos (HC)0,8000,1460,143-81,8%-82,1%
Óxido de Nitrogênio (NOx)0,1500,0680,102-54,7%-32,0%

É bom que se diga, se a temperatura ambiente estiver abaixo de 15ºC, são necessários 20% ou 3,2 litros de gasolina misturados ao álcool para auxiliar na partida da moto, por isso o nome "MIX". Como a câmara de combustão utiliza a vaporização do combustível para a queima e o álcool nessas condições é muito denso, a gasolina dá uma ajuda na partida. Se, com os carros flex há um compartimento ou subtanque só de gasolina para auxiliar na partida a frio, na CG Mix não foi possível "adaptar" um subtanque exclusivo só de gasolina por falta de espaço ou mesmo para não atrapalhar na "dinâmica da motocicleta" (nas palavras da Honda).

Mas, como saber se a temperatura está baixo a ponto de colocar um pouco de gasolina? A resposta está no painel com duas luzes indicadoras:

  • se acender MIX - coloque dois litros de gasolina;
  • se acender ALC - acrescente três litros de gasolina;
  • se ambas estiverem apagadas a partida é possível em qualquer temperatura.


A tecnologia funciona com um sensor de oxigênio na saída do motor que leva as informações da queima do combustível ao módulo de controle (ECM - Engine Control Module), que aciona um dos programas de 1 a 4 - quanto mais álcool no tanque, maior é a numeração. Algumas modificações para suportar o álcool vão desde bocal interno do tanque com tela antichamas, bico injetor com maior vazão, dois filtros de combustível para reter melhor sujeiras, gerador reforçado para aguentar partida a frio, tratamento interno do tanque e da bomba de combustível.
A Honda informa que o desempenho do motor (quatro tempos de 149,2 cm3 com injeção eletrônica) da CG Mix com álcool ficou mais potente 1,45 kgf.m de torque a 6.500 rpm e 14,3 cv de potência a 8.500 rpm contra 1,32 kgf.m de torque a 6.500 rpm e 14,2 cv de potência a 8.500 rpm quando abastecida só com gasolina.

O preço sugerido de fábrica (sem frete e sem seguro) será de R$6.340,00 (KS - partida a pedal), R$6.890,00 (ES - partida elétrica) e R$ 7.290,00 (ESD - partida elétrica e freio a disco na dianteira).

Será que compensa desembolsar R$300,00 a mais pela versão Mix?

Veja, se o consumo com gasolina na nova CG 150 Titan (sem ser a Mix) fica na casa dos 40km por litro e seu tanque tem capacidade para 16,1 litros, então, 40km/l x 16,1 é igual a 644 km que você pode percorrer com um tanque cheio. Se o consumo com álcool é 30% maior em relação a gasolina, logo, com álcool, você poderá (teoricamente) percorrer 450,8 km com um tanque cheio, isto é, 28km/l x 16,1. Isso na teoria, pois na prática com a "Mix"tura de álcool e gasolina percorrerá quanto? Ou, só com álcool mesmo, já que é a primeira vez que uma moto bicombustível é produzida em larga escala e só com os testes no dia a dia é que será possível aferir o real consumo.

Assim mesmo, digamos que na ponta do lápis, com os preços da gasolina e álcool cotados na data de hoje (18/03/2009) no interior de São Paulo (R$2,649 gasolina aditivada e R$1,459 álcool/etanol), você gastaria com a nova CG Mix:
  • tanque cheio só com gasolina aditivada: R$42,65;
  • tanque cheio só com álcool: R$23,49;
  • tanque cheio na proporção de 80% álcool e 20% gasolina aditivada: R$18,79 com álcool mais R$8,53 com gasolina, total de R$27,32.
Bom, se tudo isso estiver correto, a diferença dos R$300,00 a mais no preço da CG Mix, você consegue "recuperar" com aproximadamente 30 abastecidas com álcool.

Vale lembrar que só compensa em termos financeiros abastecer com álcool se o preço for 30% inferior ao da gasolina. É por isso que não compensa abastecer com álcool - repito, se pensar em economia do dinheiro, apenas - nas regiões do Distrito Federal, Amazonas, Amapá, Pará, Piauí e Rio Grande do Norte, porque nessas regiões o preço do álcool é maior (se alguém dessas regiões puder confirmar os preços é só deixar um comentário).

Longe de querer ir contra a natureza, abasteçam com álcool enquanto não se disseminam tecnologias melhores com ZERO de poluentes!

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